sábado, 5 de novembro de 2011

Seminário aponta necessidade de capacitar profissionais para atender autistas



Educação, atendimento e desenvolvimento de autistas foi o tema da segunda mesa de debates do Seminário Estadual sobre o Autismo. A atividade, realizada no Plenário 20 de Setembro, na tarde desta sexta-feira (4), integrou o programa Destinos e Ações pelo Rio Grande, promovido pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul em parceria com a Câmara dos Deputados.
 
Coordenada pelo deputado Alexandre Lindenmeyer (PT), a mesa teve como palestrantes o professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Danilo Rolim de Moura, e a terapeuta da Casa da Esperança, Cláudia Hartwig. Eles falaram da importância da intervenção e do diagnóstico precoce do autismo, do atendimento multidisciplinar e da necessidade de capacitar profissionais para atender os portadores do transtorno de desenvolvimento que atinge, segundo estimativas, mais de 60 milhões de brasileiros entre 1 e 19 anos, sendo mais de 3 milhões no RS.
 
Conforme Lindenmeyer, um dos encaminhamentos do seminário é a busca de diálogo junto ao governo do Estado para que as ações a serem realizadas em relação ao autismo sejam feitas pelas secretarias de forma transversal. O deputado também convidou as entidades para colaborar com sugestões para a Semana Estadual do Autismo, que será realizada em abril de 2012, graças a lei sancionada pelo governador Tarso Genro, a partir de projeto de Lindenmeyer.   
 
Capacitação de profissionaisO professor Danilo Rolim de Moura falou sobre convênios com universidades para capacitação de professores da rede pública estadual para o atendimento de portadores do espectro autista. Ele citou a experiência da UFPel, que inaugurou, em maio, um núcleo para capacitar mão de obra para trabalhar junto aos autistas, e defendeu o atendimento multidisciplinar.
 
Apresentando alguns resultados de suas pesquisas sobre o desenvolvimento infantil, o professor demonstrou que ações simples realizadas na primeira infância, como os pais lerem estórias para seus filhos, podem diminuir a probabilidade de atraso no desenvolvimento dessas crianças. “Se isso ocorre, então imaginemos o que pode ser feito com uma intervenção estruturada”, avaliou, lembrando que o desenvolvimento infantil é bastante dinânico e uma intervenção e diagnóstico precoces podem contribuir.
 
Ele defendeu ainda um programa que trabalhe com as crianças autistas, a exemplo do bem estruturado e reconhecido mundialmente programa de combate à Aids brasileiro. ““Não existe uma rede pública voltado para os transtornos do desenvolvimento”, lamentou. Citou também alguns dos problemas enfrentados pelas famílias dos autistas, como a exaustão financeira e a dificuldade de se incluir uma criança autista em uma classe escolar, já que o transtorno se manifesta de maneira distinta em cada pessoa. “Algumas conseguem se incluir, outras precisam de um preparo que deve ser feito de forma individualizada e isso ainda não existe no Brasil, infelizmente”.
 
Casa da EsperançaA terapeuta Cláudia Hartwig apresentou a experiência da Casa da Esperança, organização criada em 1993, no Ceará, e que atende diariamente mais de 350 crianças e jovens autistas, em regime de 4 ou 8 horas por dia. Possui sede em Fortaleza e uma unidade em Ananindeua, no Pará. “Atualmente ela é a organização brasileira que atende mais autistas no Brasil”, informou ela, que tem um filho autista de 15 anos.
 
A entidade é credenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar procedimentos de alta complexidade em pessoas com autismo. Presta serviços de avaliação e diagnóstico, acompanhamento especializado, atendimento ambulatorial e suporte às famílias e atua em quatro setores: intervenção precoce (avaliação e primeiros atendimentos), educação especializada (acompanhamento e reforço escolar), educação para o mundo do trabalho e vivências terapêuticas.
 
Claudia também defendeu a intervenção e diagnósticos precoce. Ela disse que o objetivo geral da terapia oferecida pela Casa da Esperança é a inclusão do autista na vida familiar e na sociedade, por isso é importante a convivência de crianças autistas com crianças sem autismo. “Incentivamos os pais a fazerem isso”, explicou.
 
A terapeuta também relatou a experiência do filho que, antes de ser atendido na entidade, relacionava-se apenas com integrantes da família. “Dentro da Casa da Esperança, ele se encontrou, e ver que ele tem um lugar no mundo, que tem amigos, que convive com outras pessoas, não tem preço”, confidenciou.

Presenças
Participaram também da segunda mesa a presidente da Abra – Associação Brasileira de Autismo, Marisa Fúriada; o presidente do Instituto Autismo e Vida, Marcelo Lima; Vânia Reichelt, da Associação de Pais e Amigos do Autista do RS (AmaRS); Heide Kirts, da Associação Pandorga, de São Leopoldo; a presidente da Associação Gota D`Àgua , de Bento Gonçalves, Miramayer Gabin; Ana Esmeraldo, da Ama Farroupilha; Márcia Kraemer, da Associação dos Amigos dos Autistas (Amparho), de Pelotas; e Antônio Almeida, da Ama Vale do Sinos.

A AMARS agradece o convite para participar deste importante evento. Vejam nossas fotos no nosso flirck.

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